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Refluxo Laringofaríngeo: quando o problema vai além do estômago

  • Foto do escritor: Otávio Vilas Boas Fantin
    Otávio Vilas Boas Fantin
  • 10 de set.
  • 2 min de leitura

Você sente pigarro constante, tosse seca, rouquidão ou aquela sensação de garganta arranhando? Nem sempre esses sintomas vêm de um resfriado ou de um esforço vocal. Muitas vezes, o verdadeiro vilão é o refluxo laringofaríngeo (RLF) — uma forma de refluxo que afeta diretamente a garganta e a voz.

O que é o refluxo laringofaríngeo (RLF)?

Diferente do refluxo gastroesofágico tradicional, o RLF acontece quando o conteúdo ácido do estômago sobe além do esôfago e atinge a laringe e a faringe — estruturas muito mais sensíveis à acidez e à pepsina (uma enzima digestiva presente no suco gástrico).

Isso pode causar inflamação da mucosa da garganta e das pregas vocais, gerando uma série de sintomas que afetam a fala, a respiração e o bem-estar geral.

Sintomas mais comuns do RLF

  • Rouquidão persistente

  • Pigarro constante

  • Tosse seca irritativa, especialmente à noite

  • Sensação de bola na garganta (globus faríngeo)

  • Dor de garganta sem infecção

  • Irritação ou ardência na garganta

  • Voz fraca ou cansada ao longo do dia

  • Crises súbitas de falta de ar (espasmo da laringe)

Episódios de asfixia podem ocorrer?

Sim. Em casos mais graves, o RLF pode desencadear um espasmo súbito da laringe, causando sensação de sufocamento. A respiração fica bloqueada por alguns segundos, o que gera uma reação de pânico. Essa crise, antes conhecida como VCD (Disfunção de Cordas Vocais), exige atenção especializada.

Como é feito o diagnóstico?

O refluxo laringofaríngeo nem sempre é identificado em exames digestivos tradicionais. Por isso, realizamos uma avaliação completa das vias aéreas superiores com métodos específicos, como:

  • Laringoscopia transnasal (TNL)

  • Esofagoscopia transnasal (TNE)

  • Traqueoscopia transnasal (TNT)

Esses exames são feitos de forma ambulatorial, sem sedação e sem dor, usando endoscópios flexíveis com tecnologia de alta definição.

Qual é o tratamento?

O tratamento do refluxo laringofaríngeo é multimodal, ou seja, envolve várias frentes de cuidado:

  1. Mudanças no estilo de vida e na dietaEvitar alimentos ácidos, gordurosos, cafeína, bebidas alcoólicas, comer em grandes volumes ou deitar-se logo após as refeições.

  2. Terapia medicamentosaUso de inibidores de ácido (como omeprazol ou esomeprazol), protetores gástricos e medicamentos que auxiliam no esvaziamento gástrico.

  3. Fonoaudiologia e reabilitação vocalCasos com sintomas vocais mais intensos podem se beneficiar de acompanhamento fonoaudiológico para recondicionar o uso da voz.

  4. Monitoramento com equipe multidisciplinarEm casos resistentes, a investigação pode ser ampliada com exames de pHmetria, impedanciometria esofágica e avaliação por otorrinolaringologistas especializados em laringe.

Conclusão

O refluxo pode se manifestar de formas silenciosas e enganosas, afetando diretamente a sua voz, respiração e qualidade de vida. Por isso, se você sente sintomas persistentes e sem causa aparente, procure avaliação especializada.

Com diagnóstico preciso e tratamento direcionado, é possível controlar o refluxo e recuperar sua saúde vocal.

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