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Incapacidade de arrotar (Disfunção Cricofaríngea Retrógrada – DCR-R)

  • Foto do escritor: Otávio Vilas Boas Fantin
    Otávio Vilas Boas Fantin
  • 10 de set.
  • 3 min de leitura

Você sente que não consegue arrotar, mesmo quando seu estômago está cheio de ar?Pode parecer algo simples, mas para quem vive com essa condição, o impacto no dia a dia é profundo. A incapacidade de arrotar é real, tem nome e causa — e sim, tem tratamento.

O que é a Disfunção Cricofaríngea Retrógrada (DCR-R)?

A DCR-R (ou R-CPD, na sigla em inglês para Retrograde Cricopharyngeus Dysfunction) é uma condição rara em que o paciente não consegue liberar ar do estômago pela boca — ou seja, não consegue arrotar.

A causa está em um músculo específico da garganta, o cricofaríngeo, que normalmente atua como uma válvula entre a faringe e o esôfago. Esse músculo deve relaxar para permitir que o ar ou alimento passem. Em quem tem DCR-R, o músculo não relaxa adequadamente na direção contrária, impedindo que o ar acumulado escape pela boca.

Quais os sintomas?

Pacientes com DCR-R costumam relatar:

  • Incapacidade total de arrotar (mesmo após refeições, bebidas gaseificadas ou desconforto abdominal)

  • Inchaço progressivo ao longo do dia, mesmo comendo pouco

  • Dor ou pressão torácica após refeições ou ingestão de líquidos com gás

  • Ruídos internos semelhantes a “gorgolejos” ou sons de sapo vindos da garganta

  • Flatulência excessiva e necessidade de liberar o ar apenas pelo intestino

  • Em alguns casos, pacientes chegam a induzir vômito ou engasgos como forma de alívio

Para quem é essa condição?

A disfunção costuma aparecer na juventude e acompanhar o paciente por muitos anos sem diagnóstico.É comum que pacientes tenham entre 20 e 30 anos no momento do diagnóstico, embora possa afetar qualquer faixa etária.Pessoas com DCR-R frequentemente passam anos sem saber que o problema tem nome — e muito menos que tem tratamento.

Qual é a causa?

Ainda não se sabe a causa exata da DCR-R, mas sabemos que ela está relacionada a uma falha funcional do músculo cricofaríngeo. Esse músculo normalmente relaxa na deglutição ou regurgitação, mas nos pacientes com DCR-R ele permanece em contração constante, impedindo que o ar escape pela boca.

Ou seja: o ar fica preso no esôfago, gerando distensão, dor e sintomas desconfortáveis que impactam profundamente a qualidade de vida.

Existe tratamento?

Sim, e os resultados costumam ser muito positivos.

A principal abordagem atualmente é a injeção de toxina botulínica (Botox) no músculo cricofaríngeo. O objetivo é induzir uma paralisia parcial e temporária do músculo, permitindo que ele relaxe e que o paciente consiga, finalmente, arrotar.

Essa técnica foi desenvolvida inicialmente pelo Dr. Robert W. Bastian, em Chicago, e vem sendo aplicada com sucesso por diversos especialistas ao redor do mundo, incluindo o Prof. Markus Hess, na Alemanha.

Como é feita a aplicação?

  • O procedimento é feito com anestesia geral leve, em ambiente ambulatorial

  • A toxina botulínica é injetada diretamente no músculo cricofaríngeo por via endoscópica

  • Não é necessário internação

  • Em geral, o paciente começa a arrotar entre 3 e 30 dias após a aplicação

Alguns pacientes precisam de uma segunda aplicação, mas muitos têm melhora duradoura logo na primeira sessão.

E os riscos?

De forma geral, a injeção de Botox no músculo cricofaríngeo é segura.Possíveis efeitos colaterais incluem:

  • Dificuldade temporária para engolir, que costuma melhorar com o tempo

  • Eructações excessivas nos primeiros dias

  • Em casos raros, se houver difusão da toxina para estruturas próximas, pode haver alteração vocal ou sensação de falta de ar

  • Complicações graves são muito incomuns

O que muda após o tratamento?

Pacientes relatam alívio imediato de sintomas que os acompanharam por anos, como:

  • Sentir o ar saindo pela boca pela primeira vez na vida

  • Redução de dores no peito e no estômago

  • Desaparecimento dos ruídos internos constrangedores

  • Melhora da autoestima e da qualidade de vida Você ou alguém que você conhece pode estar vivendo com essa condição sem saber.


    A DCR-R é pouco conhecida, mas tem solução. O primeiro passo é buscar uma avaliação com um especialista em voz ou laringologia.

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